A Idade da Pedra é
o período da Pré-História durante o qual os seres humanos criaram ferramentas
de pedra, sendo a tecnologia mais avançada naquela época então. A madeira, os
ossos e outros materiais também foram utilizados (cornos, cestos, cordas,
couro...), mas a pedra (e, em particular, diversas rochas de rotura conchóide,
como o sílex, o quartzo, o quartzito, a obsidiana...) foram utilizadas para
fabricar ferramentas e armas, de corte ou percussão.
Contudo, esta é uma circunstância
necessária, mas insuficiente para a definição deste período, já que nele
tiveram lugar fenômenos fundamentais para o ser humano, quanto às aquisições
tecnológicas (fogo, ferramentas, moradia, roupa, etc), a evolução social, as
mudanças do clima, a diáspora do ser humano por todo o mundo habitável, desde o
seu berço africano, e a revolução econômica desde um sistema caçador-coletor,
até um sistema parcialmente produtor (entre outras coisas).
O intervalo de tempo que abrange
a Idade da Pedra é ambíguo, disputado e variável segundo a região em questão.
Por exemplo, escavações mostraram que enquanto em certos lugares como a
Grã-Bretanha se vivia na Idade da Pedra, em outros, como Roma, Egito e China,
já se usavam os metais e conhecia-se a escrita. Alguns grupos humanos nunca
desenvolveram a tecnologia do metal fundido e, portanto, ficaram numa idade
de pedra até se encontrarem com culturas tecnologicamente mais
desenvolvidas.
Em geral, acredita-se que este
período começou na África faz 2,5 milhões de anos, com a aparição da primeira
ferramenta humana (ou pré-humana). A este período seguiu-se o Calcolítico ou
Idade do Cobre e, sobretudo, a Idade do Bronze, durante a qual as ferramentas
desta liga chegaram a ser comuns; esta transição ocorreu entre 6000 a.C. e 2500
a.C.
Tradicionalmente vem-se a dividir
a Idade da Pedra em Paleolítico (ou Idade da Pedra Lascada), com um
sistema econômico de caça-coleta e Neolítico (ou Idade da Pedra Pólida),
no qual se produz a revolução para o sistema econômico produtivo e sedentário:
agricultura e pecuária. Há um período intermédio chamado de Mesolítico, no qual usavam, ao mesmo
tempo, instrumentos de pedra lascada e pedra pólida. Os três períodos, por sua
vez, encontram-se subdivididos.
Mudança climática e geográfica
Quando o clima começou a esfriar
na Europa ocidental, os homens cobriram-se de peles de animais, procurando cavernas
para se abrigar, em cujas paredes deixaram notáveis desenhos, como os
encontrados na Espanha e França.
Os vestígios mais antigos do Neolítico
foram encontrados na Mesopotâmia e Síria, datando de cerca, de 4000 a.C.. O sílex
(rocha sedimentar) com que os homens faziam os utensílios era tirado de minas,
cortado e pólido, transformando-se em ferramentas. Com um clima mais ameno,
houve a possibilidade de cultivar, criar animais e construir casas, começando a
viver em grupos maiores, muitas vezes em colinas fortificadas. Conheciam a cerâmica,
faziam roupas, abriam caminhos e enterravam os mortos sob pequenos montes.
Mesmo depois que o bronze e o ferro
se tornaram conhecidos, os utensílios e o modo de vida da Idade da Pedra ainda
permaneceram durante algum tempo.
Os estudiosos acreditam que, uma
vez que o homem da Idade da Pedra ainda não conhecia a escrita, os desenhos que
gravava nas paredes das cavernas demonstram a necessidade do ser humano de se
comunicar.
Significância histórica
A Idade da Pedra é praticamente
contemporânea com a evolução do gênero Homo, com a única exceção sendo,
possivelmente, bem em seu começo, quando espécies anteriores ao Homo podem
ter fabricado ferramentas. O berço do gênero, de acordo com a idade e a
localização das evidências atuais, é o Vale do Rift, especialmente no norte da
Etiópia, onde é cercado por pradarias. O Rift serviu como um canal para o
movimento em direção ao sul da África e também para o norte pelo Nilo, no Norte
da África e pela continuação do vale em Levante até as vastas pradarias da
Ásia.
A partir de cerca de 3 milhões de
anos atrás, um único bioma se estabeleceu da África do Sul pelo vale, norte da
África, e atravessando a Ásia até a China, que foi chamado recentemente de
"Savanastão transcontinental". A partir das pradarias no Rift, os ancestrais
do homem encontraram um nicho ecológico e desenvolveram uma dependência em
relação a ele. O Homo erectus, antecessor do homem moderno, tornou-se um
"morador da savana equipado com ferramentas".
A Idade da Pedra na arqueologia
Início da Idade da Pedra
As ferramentas de pedra mais
antigas conhecidas foram escavadas de alguns sítios em Gona, Etiópia, nos
sedimentos do Rio Awash, que serviu para datá-los. Todas as ferramentas vieram
da Formação de Busidama, que localiza-se sobre uma desconformidade, ou camada
ausente, que seria de 2,9-2,7 milhões de anos atrás. Os sítios mais antigos
contendo ferramentas são datados de 2,6-2,55 milhões de anos atrás. Uma das
condições mais intrigantes sobre esses sítios é que eles são do Plioceno
tardio, em que antes de sua descoberta, pensava-se que as ferramentas surgiram
apenas no Pleistoceno.
Os escavadores estão confiantes
que mais ferramentas serão encontradas em outro lugar, de 2,9 milhões de anos
atrás. As espécies que fizeram as ferramentas do Plioceno permanecem
desconhecidos. Fragmentos de Australopithecus garhi, Australopithecus
aethiopicus e Homo, possivelmente Homo habilis, foram
encontrados em sítios de idades aproximadas às das ferramentas mais antigas.
Fim da Idade da Pedra
O descobrimento da técnica de fundição
de minério terminou a Idade da Pedra e começou a Idade dos Metais. O primeiro
metal mais utilizado foi o bronze, uma liga de cobre e estanho, cada um sendo
fundido separadamente. A transição da Idade da Pedra para a Idade do Bronze foi
um período durante o qual as pessoas modernas podiam fundir o cobre mas ainda
não eram capazes de obter o bronze, uma época chamada de Idade do Cobre, ou
mais tecnicamente, o Calcolítico, "idade da pedra-cobre". O
Calcolítico, por convenção, é o período inicial da Idade do Bronze e é, sem
dúvidas, parte da Idade dos Metais. A idade do Bronze foi seguida pela Idade do
Ferro. Durante todo o tempo, a pedra continuou em uso paralelamente com os
metais em alguns objetos, incluindo aqueles que também eram usados no
Neolítico, como a cerâmica de pedra. Homens civilizados eram, agora, exímios
artesãos de pedras.
A transição para o fim da Idade
da Pedra ocorreu entre 6 mil a.C. e 2,5 mil a.C. para a maioria dos humanos que
viviam no norte da África e na Eurásia. A primeira evidência de metalurgia
humana data do período entre o 5º e o 6º milênio a.C. em sítios arqueológicos
de Majdanpek, Yarmovac e Plocnik (machados de cobre de 5500 a.C. pertencentes à
cultura Vincha) e a mina de Rudna Glava na Sérvia. O Ötzi, uma múmia de
aproximadamente 3300 a.C. carregava consigo um machado de cobre e uma faca de
pedra.
Em regiões como a África
subsariana, a Idade da Pedra foi seguida diretamente pela Idade do Ferro. As
regiões do Oriente Médio e do Sudeste Asiático saiu da Idade da Pedra,
tecnologicamente, por volta de 6000 a.C. A Europa e o resto da Ásia tornaram-se
sociedades pós-Idade da Pedra por volta de 4000 a.C. As culturas proto-incas da
América do Sul continuam no nível da Idade da Pedra até 2000 a.C., quando o
ouro, cobre e prata possibilitaram sua evolução, com o resto seguindo depois. A
Austrália permaneceu na Idade da Pedra até o século XVII. A fabricação de
ferramentas de pedra continuou. Na Europa e na América do Norte, mós
continuaram bastante em uso até o século XX, e ainda são usados em muitas partes
do mundo.
O conceito de Idade da Pedra
O termo nunca foi usado para
sugerir que o avanço e os períodos de tempo na pré-história são medidos apenas
pelo tipo de material das ferramentas, mas sim, por exemplo, pela organização
social, fontes de alimentos, adaptação ao clima, adoção da agricultura, cozimento,
assentamento humano e religião. Assim como a cerâmica, a tipologia das
ferramentas de pedra combinada com a sequência relativa dos tipos em várias
regiões fornecem um quadro cronológico da evolução do homem e da sociedade.
Eles servem como diagnósticos de datas, ao invés de caracterizar as pessoas e a
sociedade.
A análise lítica é uma grande
forma de investigação arqueológica especializada. Ela envolve a medida das
ferramentas de pedra para determinar sua tipologia, função e tecnologia
envolvida. Ela inclui estudos científicos da redução lítica de matérias-primas,
examinando como os artefatos foram feitos.
Os estudos da Idade da pedra
nunca se focaram apenas nas ferramentas de pedra e na arqueologia, que são
apenas uma forma de evidência. O foco principal sempre foi a sociedade e o povo
físico a que pertenciam.
Apesar de sua grande utilidade, o
conceito de Idade da Pedra tem suas limitações. O intervalo de datas desse
período é ambíguo, disputado e variável de acordo com a região em questão.
Enquanto é possível falar de um período da 'idade da pedra' geral para toda a
humanidade, alguns grupos nunca desenvolveram a tecnologia de fundição de
metal, permanecendo na 'idade da pedra' até eles encontrarem outras culturas
tecnologicamente desenvolvidas. O termo foi criado para descrever as culturas
arqueológicas da Europa. Ele pode não ser sempre o melhor termo em relação a
regiões como algumas partes da Índia e Oceania, onde os agricultores e os caçadores-coletores
usavam pedra para construir ferramentas até o começo da colonização europeia.
Os arqueologistas do final do
século XIX e começo do século XX, que adaptaram o Sistema de Três Idades a suas
ideias, esperavam combinar a antropologia cultural e a arqueologia de um jeito
que uma específica tribo contemporânea pudesse ser usada para ilustrar o estilo
de vida e crenças do povo com uma específica tecnologia da Idade da Pedra. Como
uma descrição dos povos que vivem hoje, o termo idade da pedra é
controverso.
Os problemas das transições
A Idade da Pedra da Europa,
tipicamente, está sem transições. Os criadores do moderno sistema de três
estágios do século XIX e do começo do século XX reconheceram o problema da
transição inicial, o vácuo entre o Paleolítico e o Neolítico. Louis Leakey
forneceu uma parte da resposta ao provar que o homem evoluiu na África. A Idade
da Pedra deve ter começado lá para ser levada repetidamente para a Europa pelas
populações migrantes. As diferentes fases da Idade da Pedra, assim, poderiam
aparecer lá sem nenhuma transição. O fardo sobre os arqueólogos africanos tornou-se
ainda maior, pois agora eles precisavam encontrar as transações que faltavam na
África. O problema é difícil e permanente.
Cronologia
Em 1859, Jens Jacob Worsaae
propôs pela primeira vez uma divisão da Idade da Pedra em uma parte antiga e
outra nova, baseada em seu trabalho com sambaquis dinamarqueses que começaram
em 1851. Nas décadas seguintes, essa simples distinção desenvolveu-se nos
períodos arqueológicos que existem hoje. As grandes subdivisões da Idade da
Pedra de três idades passam pelas fronteiras de duas épocas geológicas na
escala de tempo geológico:
- A transição geológica Plioceno—Pleistoceno (clima altamente glacial)
- O período Paleolítico da arqueologia
- A transição geológica Pleistoceno—Holoceno (clima moderno)
- período Mesolítico ou Epipaleolítico da arqueologia
- período Neolítico da arqueologia
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